"O criador é aquele que faz avançar a história da moda" - Didier Grumbach

domingo, 25 de novembro de 2012

Diva Urbana





"Revelar tanto de seu  temperamento confuso nesses formatos de música consagrados foi um desafio extraordinário. Por sorte, Amy Winehouse tem a produção, a voz e a força de caráter para levar isso tudo a cabo".

Esta citação, do crítico Chris Elwell-Sutton sintetiza bem o que significou a influência da cantora Amy Winehouse para o mundo contemporâneo.
Seus méritos artísticos são inquestionáveis e unanimidade no mundo inteiro, não só pela sua extraordinária potência vocal, mas também pela sua atitude irreverente e polêmica. Amy conseguiu a façanha de revisitar estilos musicais clássicos, como o Soul e o Jazz, dando-lhes uma nova roupagem, através das canções que falavam de suas frustrações amorosas.

Na década de 1960, Audrey Hepburn, no icônico filme “Bonequinha de Luxo”,  em que interpretava uma prostituta, causou polêmica e   foi eleita a última diva de seu  tempo. Esse adjetivo foi muito recorrente no século XX, para eleger as  mulheres que encantavam as massas, tanto pelo seu talento como por sua sensualidade. Audrey pode ter escandalizado a sociedade porque trazia à tona um tema delicado, mas soube, com seu charme, elegância e atitude, ainda em uma sociedade que caminhava para o liberalismo feminino, quebrar esse tabu, alcançando a simpatia de todos.

Neste sentido é interessante uma comparação entre Audrey e Amy. A segunda, inserida em um contexto contemporâneo, e em uma sociedade deliberada, e que já parecia ter visto de tudo. Mas Amy emplacou em um momento onde o mix de referências e releituras era moda, ou melhor dizendo, um "supermercado de estilos", expressão cunhada na década de 90 pelo antropólogo Ted Polhemus.

Amy é considerada por muitos como uma "diva urbana", pois encarna perfeitamente os padrões que definem o sujeito pós moderno. A a apropriação e a nostalgia foram perceptíveis em sua imagem, que  ficou  caracterizada por um penteado inspirado pela moda dos anos 1960 e sua maquiagem, que lembrava, ao mesmo tempo, o visual de cantores de rock e de uma mulher sedutora, com olhos negros, marcados e repuxados no canto, o que também remete a uma atitude de pastiche  ou paródia. Ela parecia, muitas vezes  representar ou, devido à sua personalidade instável, ter múltiplas facetas, momentos em que conseguiu chamar a atenção da imprensa para sua luta, em superar o vicio do álcool e das drogas. Incompreendida, foi julgada sempre por uma conduta "fake" ou de simulacro, fosse pelas insinuações de Plágio, em algumas de suas músicas, ou pelo  seu estilo de vida desenfreado, abundantemente irresponsável e “junkie”, que determinariam seu trágico fim.

"Eu trapaceei comigo mesma, como eu sabia que faria. Eu  te disse sou encrenca, você sabe que não sou boa coisa."

Amy Winehouse, em trecho da música "You  know I".